tag:blogger.com,1999:blog-38143924151591666392024-02-06T23:59:23.890-03:00Saber menosSaber
v.t. Conhecer, ser informado ou ter conhecimento de, ser instruído em...
Menos
adj. Em menor quantidade, ou intensidade. S.m. A menor quantidade, o somenos: não se deixa o mais pelo menos.Unknownnoreply@blogger.comBlogger89125tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-56946641058303686562012-09-25T20:34:00.001-03:002012-09-25T20:34:41.848-03:00Pequeno gesto de amorDesde muito jovem almejava o amor como propósito de vida. Afirmava querer ser a perfeita representação amorosa, oferecer a quem fosse e a quem quisesse, os maiores prazeres representados pela condição romântica.<br />
Durante os anos de sua juventude se aplicou com devoção aos estudos. Tratou de ler e reler tudo sobre o nobre sentimento, dos tratados mais fantásticos aos ensaios difamatórios e de conteúdo suspeito. Entendeu a beleza das rimas, os ritmos dodecassílabos e as mais variadas maneiras e metáforas. Suspirava a cada intenção fracassada de jovens poetas fadados ao suicídio, ao sacrifício de um amor que não competia nem agradava.<br />
Tratou de observar os apaixonados, seus gestos, afeições e disparates. Não queria, de maneira alguma, ter confundidos seus atos de amor com subterfúgios apaixonantes.<br />
Durante as aulas práticas que lhe foram designadas, teve suores noturnos, um secar fulminante de lábios e óbvios tremores nas mãos. Apesar da naturalidade dos acontecimentos já havia lido sobre tais transtornos.<br />
Especializou-se com louvor nas nuances de amar. Discursava sobre amores brutos, sujos, invejados, intactos, correspondidos, furtivos, fugitivos e desamparados. Desejava os passionais, dilacerantes e encarnados. Detestava equívocos.<br />
Quando adulto se viu pronto. Sabia perfeitamente as diversas facetas do tão almejado e glorioso sentimento, e agora só lhe faltava o par.<br />
E por essas convicções correu atrás. De peito aberto e palavras prontas.<br />
Porém, por deleites que só o destino pode proporcionar, não fora feliz e não soube necessariamente o sentido de amar. E não fora por falta de tentativas, certamente não. Talvez fora o excesso de mira, zelo em agradar a quem não quer o amor como bem. Seu amor era teórico e, uma vez aprendida a lição, não havia maior interesse.<br />
E, em ordem, fora traído, abandonado, esquecido, incompreendido e mal-amado.<br />
Antes que lhe surgissem novas decepções, decidiu partir. Não pode dizer nem ao menos um "talvez eu volte" pois não havia quem assim o esperasse. Recolheu apenas alguns pertences, desejando esquecer os pormenores de seus sonhos, seus evidentes fracassos.<br />
A partir dali seu desejo era outro. Queria a solidão como modo de vida. Sabia que o empenho a essa nova condição não lhe causaria maiores danos, não haveria surpresas nem desenganos.<br />
Pegou o carro e saiu. Sem destino aparente ou planos. Teria apenas que abastecer, comprar água e poucos alimentos. Dali para frente os rumos seriam obra de um acaso pouco significativo. Sua existência seria comprovada em refeições esporádicas em restaurantes de beiras de estrada e o mínimo necessário de contato alheio. Não carregaria nem a falsa saudade de uma terra natal.<br />
No entanto, o destino ainda lhe reservara uma pequena surpresa. Um desses casos que ocorrem somente aos que desistem, aos que aprendem a observar os outros por não querer ver a si próprios.<br />
No posto de gasolina, enquanto aguardava sua vez na fila, fitou a garota no carro da frente. Ficou observando cada detalhe, como se tivesse certeza que algo ocorreria, como se estivesse a presenciar um momento único, jamais visto.<br />
E de fato ele foi o único a notar. A garota do carro da frente, bela e deslumbrante à sua maneira. Em gestos que lentamente encostaram dois de seus dedos nos lábios, moldaram no ar um beijo e enviado em direção ao frentista.<br />
Um instante de amor criado por natureza desconhecida, sem conhecimento. Que lhe soara natural como nada antes.<br />
E naquele instante percebeu a origem de sua dor, dos preceitos de um falso amor. O motivo aparente de seus fracassos. Notou naquele gesto a verdadeira sensibilidade dos amantes, a espontaneidade de um beijo que só é ensinada àqueles que cabulavam a aula, que espalhavam o proibido como um novo sabor que surge à boca.<br />
Aquela imagem fora sua maior lição de amor.<br />
Não conseguiu ver a continuação da cena, pois as lágrimas que lhe saltaram aos olhos tornaram sua visão míope. Era o suficiente. Durante algumas horas, imóvel, chorou copiosamente.<br />
Voltou para casa sem saber por qual caminho seguir.<br />
<br />
*<i> Com a intenção de presentear Luiz Schwarcz</i>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-87904677520357138372012-08-30T16:47:00.001-03:002012-08-30T16:53:56.754-03:00ÁrvoreEu era<br />
uma vez<br />
a árvore<br />
que ali estava.<br />
A primeira<br />
a estar ali.<br />
A ser<br />
antes de outros<br />
seres<br />
se instalarem.<br />
<br />
E por belos<br />
muitos anos<br />
fincada<br />
em raízes profundas<br />
permaneci.<br />
Sendo a razão<br />
de frutos e sombra,<br />
provas de amor<br />
em rabiscos fortuitos,<br />
a memória<br />
viva<br />
de diversas gerações.<br />
<br />
E é exatamente<br />
porque vi<br />
aqueles todos<br />
que por aqui<br />
viveram<br />
que sei<br />
de meu inevitável<br />
fim.<br />
Tragédia estipulada<br />
por um falso<br />
progresso.<br />
<br />
Por vezes<br />
penso:<br />
Onde estarão<br />
as azáleas,<br />
rosas,<br />
violetas,<br />
orquídeas<br />
e camélias?<br />
Em troca<br />
de tais perfumes<br />
apenas<br />
algumas placas<br />
indicando direções<br />
a cada esquina.<br />
<br />
Soube,<br />
por outras fontes<br />
escassas,<br />
que ao caso<br />
de minha partida<br />
serão plantadas<br />
outras tantas<br />
mudas<br />
de minha espécie.<br />
Não quero<br />
ser mártir<br />
de uma geração<br />
que não saberá<br />
de seus antepassados,<br />
que será vista<br />
em redoma<br />
e quase em extinção.<br />
Não quero ser<br />
a razão<br />
de boas ações.<br />
Quero<br />
as boas ações<br />
em razão de ser.<br />
<br />
Partir e partir.<br />
A razão dos homens<br />
sobre a natureza.<br />
Devo<br />
ou devem.<br />
Simplesmente.<br />
Tudo<br />
para um passagem<br />
de um carro<br />
que fatalmente será<br />
substituído por<br />
outro carro<br />
e assim por diante.<br />
Até que<br />
percebam<br />
que não há mais<br />
espaço<br />
para carros.<br />
Que a solução<br />
está<br />
no ar puro<br />
das espécies,<br />
das árvores,<br />
do ser.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-542920913991710442012-08-28T15:24:00.001-03:002012-08-28T15:26:42.720-03:00Sobre a impossibilidade de se apaixonar até o instante seguinteGostava<br />
quase que exclusivamente<br />
de se apaixonar.<br />
<br />
Cruzava<br />
constantemente<br />
seu olhar<br />
com os de outro<br />
alguém.<br />
Lentamente<br />
passava as horas<br />
em busca<br />
explícita<br />
de novos amores.<br />
<br />
E esses surgiam.<br />
<br />
Todos em vez<br />
única,<br />
todos em vez<br />
singular.<br />
<br />
Vinham<br />
para saciar<br />
a vontade,<br />
a ansiedade,<br />
a acalantar um coração<br />
que fatalmente se partia<br />
que escorria<br />
feito seiva<br />
entre as mãos,<br />
em dedos que se encontravam<br />
e naturalmente<br />
se despediam.<br />
<br />
Mesmo assim<br />
vislumbrava.<br />
Sentia<br />
logo nos primeiros instantes<br />
a necessidade<br />
de estar<br />
além de ser,<br />
e dizia<br />
para seu novo amor<br />
as mais belas fantasias<br />
de um futuro<br />
em essência.<br />
<br />
Roubava um beijo<br />
e quando este<br />
lhe parecia morno<br />
desistia.<br />
Resistia.<br />
<br />
Gostava<br />
quase que exclusivamente<br />
de se apaixonar,<br />
o amor era outra questão.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-79225720452448626542012-08-28T14:06:00.000-03:002012-08-28T14:06:15.555-03:00PequenaDe tudo que conheço<br />
você é meu começo,<br />
meu desleixo,<br />
meu caso e descaso,<br />
meu por fim.<br />
<br />
Minha dádiva onírica,<br />
anjo dominical<br />
de verdes olhos<br />
que repousa<br />
silenciosa<br />
em meu sono.<br />
<br />
Minha percepção de<br />
tempo<br />
espaço<br />
conteúdo.<br />
<br />
Meu significado<br />
significando.<br />
<br />
E até mesmo<br />
quando<br />
falo<br />
de um amor<br />
que não nosso.<br />
Do fervor<br />
de outros corpos,<br />
cheiros<br />
de meus anseios<br />
descomedidos,<br />
tenho em mim<br />
você.<br />
Juro que sim.<br />
<br />
Quando falo<br />
de alheios<br />
amores brutos,<br />
diferenciados<br />
pela intensidade da dor,<br />
esse amor<br />
não espero,<br />
não reconheço.<br />
Do amor<br />
só se conhece<br />
quem possui.<br />
<br />
Diante do mundo<br />
que me é sagrado,<br />
sou o que me faz<br />
ser e pensar.<br />
Minha única concepção<br />
de amor<br />
de amar.<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-85824656023974379122012-08-28T13:18:00.000-03:002012-08-28T13:18:03.238-03:00Deve ser o amorDeve ser o amor<br />
que transforma o estado de espírito<br />
em modo de vida.<br />
<br />
Deve ser o amor<br />
que faz sua distância insuportável,<br />
incoerente e lamentável.<br />
<br />
Deve ser o amor<br />
que acelera o peito, saliva e boca<br />
e implora um beijo.<br />
<br />
Deve ser o amor<br />
aquele que impulsiona<br />
e devora.<br />
<br />
Deve ser o amor<br />
que releva as manias presentes<br />
e os vícios atraentes.<br />
<br />
Deve ser o amor<br />
uma força maior, conjunção dos corpos,<br />
desenlace de um encaixe.<br />
<br />
Deve ser o amor<br />
que torna suas promessas, ainda imaturas,<br />
em um futuro plausível.<br />
<br />
Deve ser o amor<br />
que pinta seus olhos na mais bela<br />
das paisagens.<br />
<br />
Deve ser o amor<br />
que deixa esse perfume e se deixa<br />
levar.<br />
<br />
Deve ser o amor<br />
que faz de meu desejo um presente<br />
que sempre há de chegar.<br />
<br />
Acredite amor<br />
deve ser o amor.<br />
Pois se não for,<br />
deve ser você.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-81476989329560184262012-07-29T11:38:00.000-03:002012-07-29T11:39:41.890-03:00Sobre a impossibilidade de dançar a doisNo meio do salão<br />
um som qualquer<br />
um convite<br />
ao pé do ouvido<br />
pra dançar<br />
ocupar um mundo íntimo<br />
percorrer um tempo estranho<br />
galantear<br />
devagar<br />
divagar.<br />
<br />
Em meio a tudo<br />
somos nós<br />
pra lá<br />
pra cá.<br />
Não consigo<br />
acompanhar.<br />
<br />
Meus olhos<br />
seguem<br />
seus passos<br />
que seguem<br />
a<br />
desmistificar.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-40412391421281250952012-07-29T02:16:00.001-03:002012-07-29T02:22:49.628-03:00EmbarcaçãoEm mil pedaços<br />
me encontrou<br />
e sorriu.<br />
Repousou<br />
cada detalhe meu<br />
na palma de sua mão<br />
e me levou<br />
consigo.<br />
<br />
Cuidou<br />
de examinar<br />
a cada instante<br />
o melhor<br />
para mim.<br />
Foi paciente<br />
e elogioso.<br />
Me conduziu<br />
à perfeição<br />
que ambos<br />
esperávamos.<br />
<br />
Por aqueles dias<br />
foi<br />
um bom tempo.<br />
<br />
Com o passar<br />
dos outros<br />
meus instintos afloraram,<br />
dentro de mim<br />
nasceu a vontade<br />
característica<br />
de minha função.<br />
Devia partir.<br />
Embarcar<br />
em minha condição.<br />
Mesmo que<br />
minimamente<br />
desejava o mar.<br />
Minha razão de ser<br />
superou<br />
a de estar.<br />
<br />
Nunca pude.<br />
E por fim<br />
permaneci.<br />
Naquilo<br />
que me envolvia<br />
e distanciava.<br />
<br />
Eu era a sua escolha<br />
exclusiva.<br />
<br />
Digna somente<br />
de seus toques,<br />
dedos ásperos<br />
de outros amores<br />
de antigos cuidados.<br />
Aos estranhos,<br />
admiradores curiosos,<br />
eu era<br />
a beleza de fato,<br />
inalcançável.<br />
<br />
Mesmo que<br />
intimamente<br />
desejava amar.<br />
E de longe<br />
meus anseios<br />
amuavam.<br />
Sabia<br />
ter de ficar.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-6463623831163593392012-07-15T20:29:00.001-03:002012-07-15T20:29:29.158-03:00ApeloNão ofereça<br />
esse seu amor.<br />
Simplesmente<br />
não me cabe,<br />
não me pertence.<br />
<br />
Não ofereça<br />
mais<br />
o de costume.<br />
Promessas<br />
baseadas<br />
em desejos,<br />
utopias<br />
de pura imaginação.<br />
Não ofereça<br />
a felicidade<br />
que não se deseja cumprir.<br />
Mais não.<br />
<br />
Não ofereça<br />
em vão,<br />
um tempo que não se chega,<br />
aconchego disposto,<br />
sensação aprazível,<br />
rasa<br />
e teórica.<br />
<br />
Não ofereça<br />
um único toque,<br />
uma última palavra vã,<br />
prováveis prazeres<br />
que dificilmente poderei<br />
esquecer.<br />
<br />
Não ofereça<br />
suas armas,<br />
artifícios e complexidades.<br />
Não sou<br />
nem quero ser<br />
refém<br />
de uma guerra<br />
que não me compete.<br />
<br />
Não me ofereça o<br />
sim.<br />
Acostumei-me ao<br />
sem.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-35941758308917415512012-06-27T00:55:00.000-03:002012-06-27T00:56:09.513-03:00Bem de longeDa primeira vez<br />
que a vi,<br />
com o coração<br />
em sugestão adolescente,<br />
quis mostrar<br />
de todo<br />
o meu possível.<br />
Quis provar ser capaz<br />
de enfrentar<br />
os males da terra,<br />
de blasfemar contra<br />
os céus<br />
para vê-la<br />
novamente.<br />
<br />
Da segunda vez<br />
que a vi,<br />
com ar decidido<br />
e vanglorioso,<br />
quis oferecer<br />
os mais belos e finos<br />
poemas,<br />
os mais eloquentes e amadurecidos<br />
elogios.<br />
Tentei retratar,<br />
em parcas palavras,<br />
a diante<br />
e imensurável<br />
beleza.<br />
<br />
Das vezes seguintes<br />
que a vi<br />
a vi.<br />
Contentei-me.<br />
Percorri com olhos servos<br />
seus breves<br />
passos,<br />
galanteios e manias.<br />
Movimentos<br />
de inconfundível<br />
elegância.<br />
Vivia<br />
quando<br />
a via.<br />
Morria<br />
quando<br />
me faltava.<br />
<br />
Dessa maneira<br />
seguimos:<br />
<br />
Podendo amar<br />
sossegadamente<br />
meu amor<br />
que nunca<br />
ousou<br />
demonstrar.<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-46956268957914869392012-06-22T00:30:00.000-03:002012-06-22T00:31:54.645-03:00Necessário amorNa presença de ambos<br />
o amor era evidente.<br />
Havia ali<br />
a simplicidade<br />
dos amantes,<br />
nada mais.<br />
O presente maior<br />
era a certeza companheira<br />
de um<br />
e de outro.<br />
Viviam a felicidade teórica.<br />
Amar a quem ama.<br />
Porém,<br />
teimavam em amar<br />
cada um ao seu modo.<br />
<br />
Ele tinha,<br />
de coração,<br />
um amor de criança.<br />
Pedinte e grato.<br />
Exigente e santificado.<br />
Ela era o amor.<br />
Ela era o bastante.<br />
<br />
A condição de amor<br />
dela<br />
era diferente.<br />
Distante da proposta<br />
do próprio amor.<br />
Culpado e febril.<br />
Dilacerado e sonhador.<br />
Atrelava a perspectiva de amar<br />
a buscar sempre<br />
o que ali já estava.<br />
<br />
E com o tempo<br />
não mais se entendiam.<br />
Não mais entendiam<br />
o pretexto<br />
que os unia.<br />
<br />
Se distanciaram<br />
mesmo entendendo<br />
que ainda havia<br />
amor.<br />
Sabendo que<br />
decerto<br />
não amariam outrem,<br />
foram cuidar do amor<br />
de cada um.<br />
<br />
Amavam<br />
sem querer<br />
e não notavam<br />
a necessidade<br />
do outro<br />
amor.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-45341017131024469092012-06-20T21:17:00.000-03:002012-06-20T21:17:51.481-03:00Cansado amorAcordaram<br />
quase num mesmo dado momento<br />
e não se notaram.<br />
Sequer<br />
foram capazes<br />
de oferecer<br />
gentileza.<br />
<br />
Ocupados<br />
em suas práticas particulares,<br />
se cruzaram<br />
diversas vezes.<br />
Movimentos milimétricos<br />
de um balé<br />
solo e singular.<br />
Era como se a intimidade<br />
escorregasse<br />
por entre os vãos<br />
de prazeres passados.<br />
<br />
Saíram à rua.<br />
Cada um<br />
para o seu lado,<br />
cada qual<br />
com seu problema pessoal.<br />
Ambos em busca<br />
de um futuro melhor<br />
juntos.<br />
<br />
...<br />
<br />
E o amor,<br />
cansado<br />
de não ser notado,<br />
também almejou<br />
um futuro melhor.<br />
<br />
Partiu<br />
e foi dar seu lugar à tristeza.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-20174762798297767692012-06-17T19:20:00.000-03:002012-06-17T19:20:01.094-03:00Natural estranho amorPor vezes,<br />
incessantes,<br />
a mim<br />
pedi.<br />
<br />
fique<br />
se aconchegue<br />
more<br />
se demore<br />
um pouco mais<br />
só um pouco mais<br />
esteja<br />
seja<br />
permaneça<br />
se derrame<br />
se espalhe<br />
se contente<br />
me contente<br />
pelo o amor de Deus<br />
pelo amor dos seus<br />
fique.<br />
<br />
E todo dia você partiu.<br />
<br />
Só quando eu disse vá<br />
que você quis <br />
por você<br />
voltar.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-46430294380829157422012-06-15T12:22:00.000-03:002012-06-15T12:22:01.394-03:00Sobre a impossibilidade de ser infiel mesmo tendo passado a noite num bordelPor ora<br />
queria apenas amar um corpo<br />
que não o seu.<br />
Sentir o pesado aroma<br />
de outros amores<br />
em meu corpo.<br />
Sentir a graça de novos toques,<br />
prazeres recentes<br />
fatigados<br />
até o prazo final.<br />
<br />
E é nesses dias<br />
que rememoro a condição<br />
de lhe trair<br />
ou trair a mim<br />
mesmo.<br />
<br />
Assim me entrego<br />
de corpo<br />
e a alma<br />
que pensa,<br />
em meio ao auge de desejo,<br />
na compreensão<br />
alheia.<br />
<br />
Seguir meus instintos<br />
é me deixar ser<br />
o que sou<br />
para melhor ser<br />
o amado<br />
que deseja que eu<br />
seja.<br />
<br />
<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-42229913919410265792012-06-13T12:00:00.000-03:002012-06-13T12:09:14.370-03:00OrdináriosPrimeiro,<br />
segundo disseram terceiros,<br />
ela o havia traído<br />
sim,<br />
naquele mesmo quarto<br />
em que dividiram<br />
enredos e descasos.<br />
<br />
Restava no peito<br />
a melancolia<br />
que se multiplicava em copos cheios.<br />
<br />
Depois do quinto copo<br />
resolveu tirar<br />
satisfação.<br />
Desceu correndo<br />
às escadas,<br />
do sexto andar,<br />
soluçando e solucionando<br />
a cada degrau.<br />
<br />
Resolveu seguir a pé,<br />
caminhar pela Sétima Avenida,<br />
atrás de melhores
perspectivas.<br />
Não contava com a multidão<br />
incomum ao horário.<br />
<br />
Esquecera que a Seleção<br />
avançara às oitavas
do qualificatório mundial.<br />
Cortou caminho<br />
por ruas nunca antes
percorridas.<br />
<br />
Avistou na esquina<br />
um restaurante familiar.<br />
Precisava de um tempo
e resolveu entrar.<br />
<br />
Na Cantina do Nono,<br />
um resultado inesperado.<br />
Bem ali<br />
na frente de todos,<br />
sem pudor,<br />
o casal.<br />
<br />
Um par<br />
que não ela e ele.<br />
Era outro e ela.<br />
<br />
Desse mal padeceu.<br />
E desde então<br />
se sente<br />
um zero à esquerda.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-17021197735633772112012-04-17T10:50:00.000-03:002012-04-17T11:15:49.628-03:00Sobre a impossibilidade de lhe amar aos domingosAo primeiro movimento do dia,<br />meus olhos,<br />desorientados e contrariados,<br />não entendem<br />seu admirável sorriso.<br />A respiração pautada<br />sobre meu peito<br />incomoda,<br />reage à percepção de dia de descanso,<br />à concepção sincera<br />da acostumada<br />solidão.<br /><br />Sem quase, sem querer<br />suas palavras ferem<br />sem saber<br />o porquê de meu<br />sisudo ser.<br />Bravejo em silêncio,<br />em egoísmo mudo,<br />sem ao menos querer<br />justificar.<br /><br />Peço em licença áspera<br />alguns minutos de privacidade<br />para enfim<br />me refrescar<br />solitariamente só.<br />E então entendo<br />todo o enredo<br />de erro meu.<br />As promessas melodramáticas,<br />os elogios demasiados<br />repetidos em sábados.<br /><br />A felicidade explícita<br />de nossos corpos<br />juntos,<br />o sentimento uno<br />encarcerado na lembrança<br />de um ontem que<br />naturalmente<br />não mais será.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-29340708086875138232012-04-06T23:06:00.005-03:002012-04-06T23:25:44.661-03:00Fofocas noticiais<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhknlG3byeu26fMJrkpqvAzmQuGkbtvezSdZxN8c9GXRADwNxVe4HHc9ryWnHDh-xK293C_47BBB-dj2CMEOhFwZH-92sSmIPr8Z8SRL60sByiCdBUAGSyNd6gqHQKJeRR1Pxh41UzgKu4_/s1600/victor+nu.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhknlG3byeu26fMJrkpqvAzmQuGkbtvezSdZxN8c9GXRADwNxVe4HHc9ryWnHDh-xK293C_47BBB-dj2CMEOhFwZH-92sSmIPr8Z8SRL60sByiCdBUAGSyNd6gqHQKJeRR1Pxh41UzgKu4_/s400/victor+nu.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5728479210446296658" /></a><br />Há mais de um mês buscamos explicações plausíveis<br />aos acasos ocorridos com nosso nobre escritor de <br />redações tão antigas que já são poucos os que se <br />recordam. Enviamos um profissional extremamente <br />dedicado ao seu ofício que se mostrou incapaz de<br />exercer seu função diante das circunstâncias, e <br />por isso não fomos capazes de solucionar uma breve<br />questão surgida numa madrugada fria de uma sala de<br />interrogatórios. <br />Nesses dias em que permanecemos em silêncio, não<br />houve nada de novo, a não ser uma foto [vide acima],<br />que foi divulgada em páginas de conteúdo duvidoso.<br />Junto a foto recebemos um pequeno envelope contendo <br />os seguintes dizeres:<br /><br />"Homemplanta/Planta-homem<br />enraizados<br />ao consumismo<br />são"<br /><br />Alguns dias de reflexão serão necessários a fim de <br />desmembrar o significado de tal simbologia.<br />Outros veículos de fofocas noticiais tentaram entrar<br />em contato com o delegado responsável pelo silêncio<br />inaugural de Federico, mas este não quis conceder<br />entrevista para (nas palavras dele) uma sórdida e <br />repugnante fonte de maneirismos que tenta se passar<br />por um importante canal de informação. Grato.<br />Continuamos, perplexos, a esperar novidades.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-92123785459415017292012-03-13T20:11:00.002-03:002012-03-13T20:21:09.340-03:00Novas notíciasQuase duas semanas se passaram e<br />Federico permance em completo e <br />absoluto silêncio. <br />Nossas fontes indicam que o autor<br />não saiu de casa, desde o incidente<br />do último dia do mês passado, e <br />também não recebeu visitas, apenas<br />o carteiro se aproximou rapidamente<br />de seu portão deixando apenas uns<br />telegramas e cartas de cobrança.<br />Há boatos de que Federico apenas<br />abriu as janelas para que suas <br />plantas pudessem viver a vida que<br />não mais lhe é digna. Dizem que o <br />silêncio, há anos, já servia como<br />única companhia.<br />Outras fontes indicam que nossa<br />fonte esteve por algumas horas em<br />sua moradia. Aguardamos contato de<br />nossas fontes para que possamos <br />desmentir outras fontes infundáveis.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-77728578661914840722012-03-01T12:29:00.004-03:002012-03-01T12:39:45.991-03:00NotíciaNo começo da última madrugada<br />Federico foi encaminhado até <br />o 3º DP de sua cidade natal,<br />pela posse de uma substância<br />ainda não revelada.<br />Nossas fontes indicam que o<br />delegado responsável pelo <br />caso fez apenas uma pergunta<br />durante as cinco horas de<br />depoimento, mas seus olhos <br />decepcionados fizeram com que<br />Federico permanecesse calado<br />todo o tempo. E assim continua<br />até o fechamento desta nota.<br />Há fortes rumores que nos <br />levam a acreditar que neste<br />exato momento Federico dorme.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-29263371307421250932011-11-18T21:29:00.003-02:002011-11-18T21:55:59.513-02:00Num quarto de hospitalMamãe dorme.<br />E eu que queria<br />mostrar um desenho <br />feito<br />só pra ela.<br /><br />Papai manda eu sentar<br />e fica lá<br />olhando pra ela.<br />Ela tem um semblante<br />que ainda o encanta.<br />Ele queria levar<br />seu semblante de novo<br />de volta<br />pra casa.<br /><br />Na televisão<br />ligada bem baixinho<br />está passando<br />um jogo de futebol.<br />O time de vermelho está ganhando,<br />mas me disseram<br />que é insensível<br />gritar gol<br />dentro de um quarto de hospital.<br /><br />Papai agora mexe<br />nos fios do cabelo dela.<br />Ela<br />às vezes<br />parece<br />retribuir com sorriso<br />o toque dos dedos seus.<br />Papai deixa <br />ao lado<br />depositado<br />na cabeceira<br />uma mesma lágrima<br />derramada<br />de ontem.<br />Diz que a ama<br />e esboça esperança.<br />Eu também a amo <br />mas não entendo<br />o motivo<br />de seu pranto.<br /><br />Mamãe dorme.<br />E eu que não sabia<br />que ela iria<br />dormir <br />para sempre.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-12905882204937654192011-11-12T18:40:00.001-02:002011-11-12T18:41:55.513-02:00PedidoPor mim<br />pra mim<br /><br />vem ver<br />de uma vez<br /><br />meu eu<br />ser seu<br />amor.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-7636852544817728692011-10-23T21:15:00.004-02:002011-10-24T20:00:52.508-02:00EsperançaEla almejava<br />depois da última promessa vã<br />a tão conhecida<br />separação.<br />Não mais consideraria<br />a melhora<br />futura e utópica.<br />Não seria mulher de tempo.<br />Partir, para ela,<br />era não mais querer<br />voltar.<br />Deveria desabafar.<br />Arremessar o fardo<br />que lhe cobria<br />e pesava.<br />Talvez<br />fosse a vez<br />de sair e nada proclamar.<br />Um adeus silencioso<br />que ecoa<br />e ecoa<br />eternamente.<br />Decerto o magoaria.<br />Mas ele ali não estava,<br />devia estar naquele quando<br />só dele<br />que nunca encontrava<br />o quando dela.<br />Por muito tempo<br />ela guardou<br />e o aguardou<br />mais que o esperado.<br />Sentia a sua falta<br />desde o começo.<br />E ele só tinha<br />amor<br />para oferecer.<br />Era pouco.<br />Ela não sentia mais necessidade.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-4402736058400601872011-10-20T15:40:00.002-02:002011-10-20T15:45:00.715-02:00CoadjuvantesEle,<br />ainda jovem, <br />possuía todo o amor do mundo.<br />Grato em oferecer<br />e capaz de convencer<br />qualquer outro alguém.<br /><br />Ela,<br />na flor da idade,<br />era precisamente bela.<br />Dona de um coração nobre<br />e de encanto singelo.<br />Capaz de guardar<br />qualquer amor que em seu coração<br />pousar.<br /><br />Nunca se encontraram.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-80360211377371124532011-10-05T13:48:00.002-03:002011-10-05T13:53:23.241-03:00CicloÓrfão de pai<br />Órfão de mãe<br />Órfão de ti<br />e por diante<br />até ser de si.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-18032787591369442492011-10-01T19:23:00.002-03:002011-10-01T19:28:23.466-03:00Drama (No leito)Pai, conheço teu drama:<br /><br />Guiado por Deuses do mar,<br />amar e ter de partir.<br />Guiada por Deuses do céu,<br />amar e vê-la partir.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814392415159166639.post-88964389034192370712011-08-25T22:47:00.004-03:002011-08-25T22:50:23.397-03:003 fases de amarAmar a todos como a ninguém
<br />Ser amado por todos ou por quem convém.
<br />
<br />Amar e assim ser amado
<br />Ser amado sabendo amar.
<br />
<br />Amar incondicionalmente
<br />e nada mais.Unknownnoreply@blogger.com0