Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



domingo, 23 de janeiro de 2011

Distância

Na primeira vez, na exatidão de sentimentos mútuos, nossos olhos se fundiram, se tocaram distantes e infinitamente próximos.
Sem a necessidade de palavras decoradasnos aproximamos. Tínhamos como cúmplice silêncio, e destoávamos.
No encontro seguinte nada esperávamos, conexos sentimentos se interligavam naturalmente, os olhos se compreendiam recíprocos e inevitáveis.
A certeza se prolongava na união de olhares que, mesmo escondidos, precediam o propósito de um beijo.
Num gesto só éramos e estávamos.
Os dias seguiram decerto incertos. Certas palavras provocaram uma distânci ainda inédita, sobrou a lembrança de nossos antigos olhos que se fundiam no silêncio absoluto, no silêncio encontrado em passagens longínquas.
Nos víamos para entender detalhes e nos esquecíamos do perceptível. Na busca de um beijo, a recusa se configura numa fuga indesejada, a distância se modificara em rotação. Os olhos buscavam em vão a resposta dada em silêncio.
Um novo ano chegou deixando os vestígios num tempo passado.
A distância estabeleceu diferenças nunca notadas. Éramos os novos habitantes de um mundo que sempre acaba.