Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Promessa

Serei o que quer que eu seja.
Serei o umidecer de seus lábios, o brilho de seus olhos e o soar em seus ouvidos.
Serei a espera em seu desespero e a chegada resumida em saudade.
Serei a origem de seu abraço e a necessidade de uma ausência explícita.
Serei a solução de seus soluços e o leve sopro capaz de mover inportunos cílios.
Serei fruto de sua imaginação e objeto de manipulação.
Serei sua figura de linguagem, sua concepção de malandragem, seu universo digno de passagem, sua percepção de nua paisagem. Serei o tudo além.
Serei o tudo em nós dois, sem tempos passados e futuros.
Serei seu ponto-cruz num infinito de possibilidades.
Serei seu epicentro, sua doce morada de anseios e frustrações.
Serei seu silêncio pausado que machuca e cura na necessidade alheia.
Serei sua manhã alnejada em semblante noturno.
Serei sua vontade de maneira recíproca.
Serei eterno ao seu lado e conveniente quando preciso for.
Só não serei sua boca após a outra.
Assim seja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário