Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



domingo, 26 de dezembro de 2010

Sobre Federico

Preciso de uma voz
que me fale por baixo
coisas que o mundo
não deve obedecer.
Preciso de ouvidos
que me escutem
no improvável
e na calada fantasia.
Preciso de olhos, outros olhos,
que os meus já se bastaram
no sereno cotidiano
infeliz.
Preciso de braços
que me alcancem
num abraço
ainda mais perto.
Preciso de um sorriso
espalhado em outros sorrisos
e que migram no espaço
interno de minha quase solidão.
Preciso de um velho coração
daqueles que apanharam
para o resto de uma vida
e não mais se abalam.
Preciso de novas intenções
pois as que me restaram
se tornaram caladas
e por fim não mais me servem.
Preciso de novas formas
de amor e solidão
que me tomem os sentidos
e esqueçam da razão.

Um comentário:

  1. Eu amo esse, muito! foi um dos primeiros que eu li e ele se encontra num caderninho de poemas que eu guardo comigo.

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