Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sobre o medo da morte

Não há maior temor que o do inevitável, maior desprazer que o da insuficiência de tempo, maior incapacidade que a da distância, maior presença que a da falta.
Morrer: [Do latim vulgar morrere, por mori] Verbo intransitivo.
Perder a vida; falecer, finar-se, morrer-se, expirar, perecer. Abotoar o paletó, adormecer no Senhor, apagar, apitar, assentar o cabelo, bafuntar, bater a alcatra na terra ingrata, bater a caçoleta, bater a canastra, bater a pacuera, bater as botas, bater com a cola na cerca, bater o cambito, bater o pacau, bater o prego, bater o trinta-e-um-de-roda, botar o bloco na rua, cessar de viver, comer capim pela raiz, dar a alma ao Criador, dar à casca, dar a lonca, dar a ossada, dar com o rabo na cerca, dar o couro às varas, dar o último alento, defuntar, desaperecer, descansar, descer à cova, descer a terra, descer ao túmulo, desencarnar, desinfetar o beco, desviver, dizer adeus ao mundo, embarcar deste mundo para um melhor, empacotar, entregar a alma ao Diabo, entregar a rapadura, espichar, esticar a canela, esticar o pernil, estuporar-se, expirar, fechar os olhos, fenecer, ir para a cidade dos pés juntos, ir para a Cucuia, ir para bom lugar, ir para o Acre, ir para o beleléu, ir para o outro mundo, ir-se desta para melhor, largar a casca, padecer, passar a tira, render o espírito, vestir o paletó de madeira, virar presunto.
Não há pior morte que a do outro.

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