Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



terça-feira, 17 de abril de 2012

Sobre a impossibilidade de lhe amar aos domingos

Ao primeiro movimento do dia,
meus olhos,
desorientados e contrariados,
não entendem
seu admirável sorriso.
A respiração pautada
sobre meu peito
incomoda,
reage à percepção de dia de descanso,
à concepção sincera
da acostumada
solidão.

Sem quase, sem querer
suas palavras ferem
sem saber
o porquê de meu
sisudo ser.
Bravejo em silêncio,
em egoísmo mudo,
sem ao menos querer
justificar.

Peço em licença áspera
alguns minutos de privacidade
para enfim
me refrescar
solitariamente só.
E então entendo
todo o enredo
de erro meu.
As promessas melodramáticas,
os elogios demasiados
repetidos em sábados.

A felicidade explícita
de nossos corpos
juntos,
o sentimento uno
encarcerado na lembrança
de um ontem que
naturalmente
não mais será.

Um comentário:

  1. Algumas coisas me deixam muda, mas ainda sim eu com a minha imensa pretensão tinha de escrever que estou sem palavras ...

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