Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



quarta-feira, 13 de junho de 2012

Ordinários

Primeiro,
segundo disseram terceiros,
ela o havia traído
sim,
naquele mesmo quarto
em que dividiram
enredos e descasos.

Restava no peito
a melancolia
que se multiplicava em copos cheios.

Depois do quinto copo
resolveu tirar
satisfação.
Desceu correndo
às escadas,
do sexto andar,
soluçando e solucionando
a cada degrau.

 Resolveu seguir a pé,
caminhar pela Sétima Avenida,
atrás de melhores perspectivas.
Não contava com a multidão
incomum ao horário.

Esquecera que a Seleção
avançara às oitavas do qualificatório mundial.
Cortou caminho
por ruas nunca antes percorridas.

Avistou na esquina
um restaurante familiar.
Precisava de um tempo e resolveu entrar.

Na Cantina do Nono,
um resultado inesperado.
Bem ali
na frente de todos,
sem pudor,
o casal.

Um par
que não ela e ele.
Era outro e ela.

Desse mal padeceu.
E desde então
se sente
um zero à esquerda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário