Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



domingo, 29 de julho de 2012

Embarcação

Em mil pedaços
me encontrou
e sorriu.
Repousou
cada detalhe meu
na palma de sua mão
e me levou
consigo.

Cuidou
de examinar
a cada instante
o melhor
para mim.
Foi paciente
e elogioso.
Me conduziu
à perfeição
que ambos
esperávamos.

Por aqueles dias
foi
um bom tempo.

Com o passar
dos outros
meus instintos afloraram,
dentro de mim
nasceu a vontade
característica
de minha função.
Devia partir.
Embarcar
em minha condição.
Mesmo que
minimamente
desejava o mar.
Minha razão de ser
superou
a de estar.

Nunca pude.
E por fim
permaneci.
Naquilo
que me envolvia
e distanciava.

Eu era a sua escolha
exclusiva.

Digna somente
de seus toques,
dedos ásperos
de outros amores
de antigos cuidados.
Aos estranhos,
admiradores curiosos,
eu era
a beleza de fato,
inalcançável.

Mesmo que
intimamente
desejava amar.
E de longe
meus anseios
amuavam.
Sabia
ter de ficar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário