Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



domingo, 22 de agosto de 2010

Brisa

Na tarde de domingo, pela janela esquecidamente aberta, uma brisa se sente segura para adentrar por entre os espaços vãos da janela. Repousa sobre as flores de plástico, no vaso, na mesa de jantar, silenciosamente num estar.
Na decorrência de uma brisa, outras brisas se juntam, e juntas já não são mais brisas. O jeitoso pousar da antepassada brisa não permanece. Papéis soltos na mesa e de outros pápeis, que quando juntos não eram soltos, circulam num cenário rodopiante, numa festa íntima infantil repleta de euforia. As brisas renovam a paisagem de um dia e o modo de conduta é o vento.
Na passagem, o vaso permanece impávido ao movimento dos ares. No centro (que deveria ser natural) as flores não se refrescam na brincadeira vespertina. Pelo infortúnio de serem de plástico, não se comportam de forma natural, apenas observam, mortas.
A diversão de minutos incontáveis faz os papéis percorrerem a amplitude da mesa, o vazio da gravidade e do chão. As flores observam a progressão natural que não possuem. Quando as folhas, sossegadas na exatidão do chão, se fingem de mortas, não se sabe se a brisa continua a tocar.
O ambiente se modificara em feito.
A bela imagem, percorrida pela brincadeira dos naturais, decrita pela passagem da tarde, não fora vista por ele. À noite, ao chegar em casa, o que se viu foi a bagunça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário