Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Fatos

Por anos que não te vejo mais assim, tão logo em minha frente. Pode parecer estranho, apesar de tantos anos, perceber que não te olho da maneira como antes. Maldito o tempo que permaneceu cruel tanto para mim como para ti.
Miro meu olhar ao teu, olho assim por modos e sem jeito. São tuas pálpebras já cansadas de olhar um olhar que não permanece, mesmo.
Teu sorriso, sempre afável, é o único a me permitir, talvez. Ele sim continua...
Lembra-te das vezes que partimos em busca de verdades meticulosamente verdadeiras?
Pois bem, não era eu. Pois bem, nunca nos encontramos.
Depois de anos desmedidos sem tua presença, me esperavas em teu presente. Vangloriavas o mundo sob a fonte de saudades inexplicáveis e de cunho vernáculo suspeito. Soubestes viver assim enquanto eu, por mim, vivi bem sem ti.
Decidistes ficar?
Não responda, de fato não importa. Qualquer tentativa tua soaria como um presságio daquela vida que passou, rapidamente. Um sentido que deixastes ao me deixar para trás.
Como podes querer voltar e ao meu lado envelhever?
Tinha em meu querer a fonte de tua juventude, pura e divinamente intocável. Distante e aprazível somente aos meus olhos. Depois de perdoar teu caso, teu acaso já não me importava. Na época, já sinalizava para tais circunstâncias.
Tuas novas atitudes, deixamos pra depois. Não quero mais perder o tempo, valioso tempo, um tempo que se molda a partir de nossas atitudes e desenganos.
Devo ir. As obrigações me chamam e condenam. Quero apenas escovar os dentes e depois seguir.
É provável que mais tarde eu não te veja. É provável que nem amanhã.
É provável que eu não queira. Mais.

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