Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



terça-feira, 19 de outubro de 2010

Flores de Inverno

Na estação chegada à janela, as flores retornam ao lar, retomam a figura bela de ser ser ao ar livre. No jardim que se destaca ao térreo do andar, novas vidas desabrocham, respiram num ar fundo, profundo, pousado e pausado.
Natural beleza colada às faces rubras, brancas e rasas.
Antes de o sol prevalecer, os pássaros já comentam os doces sentidos em forma de canção. Nos horários adiantados de outra estação, eles começam a labuta de evocar antes do acontecer.
Nas imagens que se formam, fotografadas nos piscares de olhar, a Primavera se reabilita num instante, se revela como feito anual e impecável. Passado as estações de queda, branquidão e exagero, a bela dama se renova, retoma seu lugar de musa floral.
Como continuam belas as flores de meu jardim!
Engano meu.
As flores não continuam. As flores não prevalecem (a não ser na memória dos livros e poemas). As flores vivem seu excepicionam e falecem.
Perpetuadas são somente as flores de Inverno, aquelas que partiram contigo e partiram. Flores carregadas de recados e saudade.
Flores feitas, partidas, perpétuas e magoadas.
São as flores que te acompanharam em lágrimas e me deixaram só nesta manhã primaveril.

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