Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



segunda-feira, 28 de junho de 2010

Quero um Deus

Quero um Deus que me seja permanente e palpável
de lábios carnudos e olhar displicente
que me toque as mãos e os pés simultaneamente.
Quero um Deus saboroso
um Deus fruto de meu atingível
um Deus propagado na atmosfera íntima de dois corpos
que me afague em todos os seus braços, pernas, cabeças e sentidos.
Quero um Deus presente em toda sua virtude e piedade
um Deus beijo-abraço-divino-apertado
que me penetre e que de todo me alcance
um Deus que assim seja.

Quero um Deus por assim dizer
que me ouça e que me escute
um Deus que acompanhe minha rotina por divertimento conceitual
que me arranque, por enquanto, desse lugar comum
que me socorra sem que ocorra alarde
Quero um Deus de singularidade plural.
um Deus interrompido por minhas contradições
que se me situe que o faça logo.
Quero um Deus que me doa o necessário.

Um Deus que aja e que haja
um Deus completo em sua amplitude sem vias malsujas de propaganda e ressurreição
Quero um Deus de graça.
Um Deus purificado para assim me ser
um Deus verdadeiro ou à mim corrupto
quero um Deus sem impostos
que respeite minha solidão.
Quero um Deus de acordo
um Deus Senhor do Tempo para do presente destoar.
Quero um Deus que tudo saiba e nada digue.

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