Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



quarta-feira, 14 de julho de 2010

As Possibilidades

Sexta-feira. 12 de junho. Guilhermo Guirón, célebre escritor, falece em sua casa. Seu sobrinho, que o encontrara, rapidamente contou à sua mãe que então contou ao seu sobrinho, que dado o ocorrido se tornara órfão. Uma biografia já foi encomendada para pagar as depesas do funeral.

Sexta-feira. 12 de junho. Guilhermo Guirón, viúvo, morre em sua cama. Sua irmã o encontra já sem vida, o que a deixa sem ação por indeterminados minutos. Com palavras átonas de lamentação, ela explica o óbvio para seu filho e sobrinho. Ambos são confortados na ciência de um abraço.

Sexta-feira. 12 de junho. Guilhermo Guirón, pai de família, se despede da vida em silêncio no descanso do lar. Seu flho, confuso pela ideia da obrigação de estar só, se atira da janela do quarto em direção ao jardim. Percore três andares até o definitivo fim. A família, irmã-tia e sobrinho-primo, souberam de ambas as mortes e por elas lamentam.

Sexta-feira. 12 de junho. Guilhermo Gurón, solitário, é encontrado morto em sua casa. Seu filho, sua irmã e seu sobrinho talvez não saibam. Há anos não se falam ou se importam. . Até o dado momento, não há qualquer indício de quando ocorrerá o enterro. Enfim, poucos são os que lamentam.

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