Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



terça-feira, 3 de agosto de 2010

Desculpas.

Perdoe meu atraso na correspondência, mas me faltava e ainda falha a fala para tratar sobre o assunto. Perdoe minhas palavras que podem parecer sobrecarregadas, mas não sinto mais o peso do ar em meus dedos e lábios, me falta um fôlego quando cada vez mais, mergulhado num profundo silêncio, volto à superfície. Acordo rodeado por palavras de apoio e firmamento que soam semelhantes, pragmatizadas em vozes conhecidas. Um distúrbio que ainda não sei se meu ou alheio.
Devo dizer que ainda não senti sua total partida, dizem que isso passa ou não passa, dizem. Nem isso tenho o prazer de escutar com atenção. Logo me desvio para um lugar distante, um lugar não alcançável em minha memória. Tenho receio de sentir sua falta e não me lembrar de momentos mais frágeis de nossa relação, esquecer do que foi parte de meu aprendizado para poder justificar a loucura de minhas análises.
Sei que dirá que tenho um anjo só para mim, me olhando, orando e cuidando de mim, como me disse na vez maternal e anterior. Para ser sincero, estou farto de anjos. Minha vida se tornou guardada apenas pelos que foram, não resta à mim ninguém aqui. Serei apenas o exemplo do máximo que eu poderia ser, ninguém esperará de mim mais do que eu posso oferecer, nem menos do que posso retribuir.. Tudo será razão de meu destino, minhas ações serão julgadas diretamente sobre as regras familiares não plausíveis mudança. Serão frequentes as advertências além referenciadas.
Assim devo ir. Tenho de traçar algumas medidas de meu futuro, antes que os céus se revoltem novamente e mirem em meu lugar. Não haverá outro quem.
Sinto que esteja distante e também sinto sua falta. As escolhas geram esses tipos de desprazeres.
Até breve.

3 comentários:

  1. Ah, como sempre eu amei o que você escreveu
    beijos e tenho saudade, de verdade

    ResponderExcluir
  2. A partida e a saudade são sempre prato cheio para os melhores textos :)
    Tem uma crônica do Veríssimo que diz que os melhores poemas (ou textos num geral, não lembro) são aqueles que falam da dor, porque o amor que dá 'certo' não pode virar texto.

    ResponderExcluir
  3. a dor é mais real que o amor, mais palpável. O amor acaba se transformando numa saudade em tempos de crise.

    ResponderExcluir