Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



segunda-feira, 6 de setembro de 2010

As Carpideiras

Nos anos de minha vida fui pouco e mal conhecido. Dos infortunados pela minha companhia todos partiram, poucos querendo ficar. Nos caminmhos que se formaram sinônimos, todos tinham a certeza de ir, partir e assim sobrei-me numa solidão intacta.
No tempo que não passava tanto, meu comportamento se consolidou numa rudeza tão desprezível que não despertava o interesse nem de inimigos. Foi então que soube que o ódio possui uma dose necessária de simpatia.
Sozinho, sem o mínimo de consideração alheia, fiz fortuna e questão de perdê-la. Num fim sem meios não se há de ter herança, herdeiros ou hereditariedade. Deixei em planos um caixão e um pedaço de terra. Minha tragetória sugeria o silêncio de meu epitáfio, na presença vazia do inevitável.
Quando do desfecho, faltaram flores, velas, lágrimas e saudade. Talvez seja esse o intuíto de um desfecho, ser encerramento e não exaltação. A chegada de um herói que não se acusa, que se cala e que aguarda.
Um só de mim que nunca deixou de ser pó.
Porém, no caminho que se seguia, ouvi de longe a defesa de meus anos, um pedido melancólico que clamava pela abertura das divinas passagens. Eram as benditas carpideiras salientando a tristeza dos passos, passados.

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