Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



quarta-feira, 27 de junho de 2012

Bem de longe

Da primeira vez
que a vi,
com o coração
em sugestão adolescente,
quis mostrar
de todo
o meu possível.
Quis provar ser capaz
de enfrentar
os males da terra,
de blasfemar contra
os céus
para vê-la
novamente.

Da segunda vez
que a vi,
com ar decidido
e vanglorioso,
quis oferecer
os mais belos e finos
poemas,
os mais eloquentes e amadurecidos
elogios.
Tentei retratar,
em parcas palavras,
a diante
e imensurável
beleza.

Das vezes seguintes
que a vi
a vi.
Contentei-me.
Percorri com olhos servos
seus breves
passos,
galanteios e manias.
Movimentos
de inconfundível
elegância.
Vivia
quando
a via.
Morria
quando
me faltava.

Dessa maneira
seguimos:

Podendo amar
sossegadamente
meu amor
que nunca
ousou
demonstrar.

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