Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sem trair

Seria mais fácil se você fosse sem porquê. Sem a motivação de desejos que nunca serão correspondidos. Sem o sentido inapropriado de sua oratória.
Não há, para nós, um palpável destino. A manutenção de um sonho se vitaliza na impossibilidade, sua concretização pode fazê-lo, simplesmente, acabar. Sem os sonhos não somos nenhum.
Não fomos suficientemente o que esperávamos. Nunca esperávamos um ao outro, o que certamente nos distanciava. Não creditamos a esperança porque não cabia à nós.
A harmonia de nossos olhos era cúmplice de um tempo, um momento, era. Cientes num plano, num campo, numa estrada. Chegávamos a ser para ter no que nos apaixonarmos. Ficávamos.
Nos dias que se seguiam, nos perdíamos de fato. As razões e os motivos não mais interessavam. Sentíamos um mundo que se perdia e que não se justificava. Acatávamos, de maneira solidária, a pertinente ausência.
Saíamos sós e traçávamos novas liberdades. Longe um do outro sabíamos ser mais felizes. Socialmente éramos eficazes e capazes.
Até que um de nós voltava.
Os sentidos memoravam a razão original, as mãos se tocavam atraídas, um leve palpitar nos chegava à boca e uma brisa atraente nos tomava os anseios. Voltávamos a sensação de nostalgia e repetíamos os defeitos de fidelidade. Juntávamos promessas que não eram nossas e acreditávamos.
Uma velha companhia que acarreta uma nova separação. De um modo justo o mundo se repetiria e nos distanciaríamos para um sempre.
Antes que os anos nos tornem saudosistas, prefiro que você parta.

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