Quando sabe-se menos.

A partir do momento em que a significação surge nas palavras de um texto, na exata precisão de ideia, nasce a sabedoria. A leitura, a elucidação e a compreensão provocam a emancipação da sabedoria alheia. Trata-se então da sabedoria íntima que se subtrai, uma concepção pessoal que acaba de ser preenchida por outro, uma possibilidade de vislumbre inédito que se anula, desaparece. Então, quando isso ocorre, estamos a saber menos do que o nosso egoísmo idealizou.



segunda-feira, 12 de abril de 2010

O mini-conto da fada madrinha dos dentes

Sábado à noite, churrasco na casa do Barbosa. Grande confraternização semanal, em que um grupo de homens semi-adolescentes se reúnem para arrumar motivos para beber e se arrepender.
Por volta das três da manhã, todos os nossos amigos sérios já haviam se retirado, inclusive minha adorável esposa, que há muito se cansara dessa monótona maratona de conversas, que eu considerava como um hobby, e elegantemente sempre pega meu carro, me deseja boa noite e volta pra casa.
Depois de algumas, dezenas, milhares de cervejas (essa conta varia e depende de quando a contagem se iniciou) e longas versões de Chico Buarque e Caetano Veloso, me perguntaram algo curioso.
Me perguntaram se, quando criança, eu havia deixado meu primeiro dente que caiu embaixo do travesseiro, aguardando a recompensa de uma dita fada madrinha.
Quando respondi que sim, me questionaram sobre o que havia ocorrido (no auge desta lenda ou folclore, alguns pais colocavam dinheiro sob o travesseiro e diziam que "isso" era obra da fada madrinha dos dentes).
Respondi que havia uma réplica de meu dente sob o travesseiro, o que era lastimável. Era que ela, a fada madrinha, havia me roubado o original.
Rimos, brindamos e bebemos.

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